Ser diagnosticado com uma doença crónica muda a nossa vida mas pode tornar-nos mais fortes para lidar com as dificuldades.
A diabetes é a doença crónica mais frequente no mundo ocidental e, se não for tratada, pode provocar complicações graves. Aceitar a doença e aprender a viver com ela (e não para ela) nem sempre é simples mas constitui um passo essencial, tanto em termos psicológicos como ao nível prático, já que o controlo da doença é um aspeto fundamental para os diabéticos prevenirem as complicações e usufruírem de uma vida saudável.
Processo de adaptação
A diabetes vai provocar mudanças ao nível pessoal e profissional (alguém que tenha uma profissão muito exigente, que envolva trabalhar fora de horas, não fazer refeições a horas certas, vai ter que, necessariamente, reajustar os seus hábitos). Uma mulher diabética que queira engravidar também terá de ter cuidados específicos.
Informar-se sobre a doença
O diabético deve procurar reunir todo o conhecimento possível sobre a patologia e as suas eventuais complicações a curto, médio e longo prazo (hipoglicemia e hiperglicemia, pé diabético, retinopatia, entre outras). Isto é também útil para a pessoa sentir que controla a situação. Visto que a mudança de estilo de vida (uma alimentação adequada e a prática de exercício físico, a toma de medicação (oral ou insulina) e o controlo da glicemia são os pilares do tratamento da diabetes, é importante que o doente domine esta matéria e que consciencialize que é obrigatória uma modificação de comportamentos, em que a autovigilância é uma palavra-chave.
Diabetes e crianças
A diabetes tipo 1 é uma das doenças crónicas mais frequentes nas crianças (embora, atualmente, existam casos de diabetes tipo 2 em idades cada vez mais precoces) e, usualmente, é diagnosticada até ao final da adolescência – muitas vezes, de forma abrupta. Implica alterações imediatas na rotina e que a criança/adolescente tenha de integrar as várias medições diárias da glicemia, a medicação, as consultas e exames médicos regulares, o seguimento de um plano alimentar adaptado e a prática de atividade física, o que pode não ser fácil de aceitar.
Rede de apoio
Ter um filho diagnosticado com diabetes é, também, um choque para os pais. É aconselhável que estes se informem exaustivamente acerca da doença, falem com outros pais de diabéticos, partilhem as suas angústias, ouçam conselhos. O médico que acompanha a criança também poderá ajudar os pais a entenderem melhor a doença e como podem ajudar o filho (em termos práticos e psicológicos).
Os pais aceitarem a doença do filho é essencial para que o possam ajudar a introduzir as modificações necessárias na sua rotina, a tratar-se adequadamente, a não sentir-se “diferente” e a ter a vida de criança/adolescente a que tem direito.
Famílias mais saudáveis
Os avanços que se têm verificado nos tratamentos da diabetes, a melhor compreensão da doença e abordagem médica multidisciplinar, incluindo a consciencialização de que uma alimentação adequada e a prática de exercício físico fazem parte da terapêutica, tornam possível aos diabéticos viverem bem. Muitas vezes, a própria família do doente (principalmente no caso da diabetes em crianças e adolescentes) acaba por adotar um estilo de vida muito mais saudável do que tinha anteriormente, ao partilharem o mesmo regime alimentar que o diabético e ao tornarem-se mais ativos fisicamente.
Manual do diabético
Para que a diabetes esteja controlada, o doente deve:
- Ter uma alimentação saudável e fracionada;
- Praticar exercício físico regularmente;
- Não fumar e não consumir bebidas alcoólicas;
- Fazer a autovigilância da doença e a medicação que lhe foi prescrita;
- Não faltar às consultas e realizar todos os exames solicitados pelos médicos.
Sabia que…
De uma forma muito simplificada, a diabetes caracteriza-se pelo excesso de açúcar que circula no sangue, provocado pela secreção deficiente de insulina (diabetes tipo 1) ou pela resistência à ação da insulina (diabetes tipo 2).
Alimentação para diabéticos
Quando se fala na alimentação de diabéticos, existe a ideia de que a dieta deve ser bem limitada. Na verdade, é exatamento o contrário. É importante que a dieta para diabetes seja bem variada, composta por alimentos naturais, que colaborem para estabilizar o nível glicêmico do sangue.
Confira os pontos mais importantes da dieta.
- O café da manhã é a principal refeição para todas as pessoas, especialmente para os diabéticos.
- A refeição ajuda a evitar ganho de peso, pois ajuda a regular a sensação de saciedade durante o dia. É essencial ao diabético não pular nenhuma refeição.
- A banana está liberada na dieta, porque é uma fruta rica em fibras e minerais, como potássio e magnésio. Ela precisa ser ingerida, no entanto, dentro de uma dieta equilibrada e um especialista deve indicar qual a quantidade que pode ser consumida semanalmente.
- O consumo de sal deve ser o menor possível. Isso porque o sódio faz com que o coração bombeie sangue mais rapidamente, o que leva a um aumento da pressão sanguínea.
- É indicado fazer refeições fraccionadas durante o dia. Com isso, a pessoa mantém equilibrado o nível de açúcar no sangue e evita o consumo de quantidades exageradas de alimento, algo comum quando se passa muito tempo sem comer.
- Frituras devem ser deixadas de lado e dar lugar para alimentos assados e grelhados.
- Os produtos diet não estão totalmente liberados. Eles também possuem carboidratos, que elevam o nível glicêmico do sangue. Devem ser consumidos sob orientação de um especialista.
- As frutas são essenciais na dieta de quem tem diabetes e aquelas que têm bagaço são ainda melhores, pois são ricas em fibras, que conferem maior saciedade. Devem ser consumidas com moderação, de preferência ao natural. As menos calóricas são melhores opções.
- Evite consumir frutas em forma de suco. Durante o preparo são usadas muito mais frutas para uma porção. Além disso, as fibras ficam de lado nesse tipo de preparação e são elas que ajudam a diminuir a absorção do açúcar pelo organismo.
- Substitua o leite integral pelo desnatado, que tem menos gordura. O mesmo vale para os derivados.
- A carne vermelha é muito importante na dieta, por causa da grande quantidade de proteínas, ferro e vitamina B12. Mas prefira os cortes magros, que possuem menos gordura saturada, como o lagarto, o patinho e a alcatra.
- Entre as carnes brancas, o peixe é o mais indicado, especialmente o salmão e a sardinha, fontes de ômega 3.
Publicado por: CUF em 13 de Novembro 2013.
https://www.saudecuf.pt/mais-saude/artigo/viver-com-a-diabetes#gs.fvjece
